Painel de biomarcadores pode prever parada cardíaca súbita antes que ela ocorra.
Os marcadores identificados pelos pesquisadores do Cedars-Sinai têm o potencial de aumentar a previsão clínica de identificar os riscos do indivíduo sofrer uma parada cardíaca súbita, independentemente de ele apresentar doença arterial coronariana.
Pesquisadores do Centro Médico Cedars-Sinai, nos EUA, identificaram um painel de novos biomarcadores no sangue associados especificamente à parada cardíaca súbita, em que o coração para de bater repentinamente e sem nenhum aviso, fazendo com que o indivíduo perca a consciência rapidamente.
Se não for atendido logo com um desfibrilador, podem ocorrer danos cerebrais. As chances de sobrevivência diminuem de 7% a 10% a cada minuto que se passa sem atendimento.
No início do ano, o jogador de futebol americano Damar Hamlin sofreu uma parada cardíaca súbita enquanto jogava pela sua equipe, Buffalo Bills. Em 2021, situação semelhante ocorreu com o dinamarquês Christian Eriksen em uma partida de futebol da Eurocopa, durante um jogo da seleção de seu país contra a da Finlândia. Ambos foram atendidos ainda no campo e sobreviveram.
“As baixas taxas de sobrevivência na parada cardíaca súbita exemplificam a necessidade de determinação de risco, previsão precoce e melhor prevenção primária”, destaca o médico Sumeet Chugh, professor do Smidt Heart Institute e autor sênior do estudo.
Os marcadores identificados pelos pesquisadores do Cedars-Sinai têm o potencial de aumentar a previsão clínica de identificar os riscos do indivíduo sofrer uma parada cardíaca súbita, independentemente de ele apresentar doença arterial coronariana.
No estudo, 20 casos de sobreviventes de parada cardíaca súbita e 40 controles – de ambos os sexos e diferentes idades – foram comparados com uma análise de replicação de 29 casos pareados com 57 controles. Uma análise secundária comparou 20 casos que sofreram parada cardíaca com 20 controles que tinham doença arterial coronariana.
De cada um que sofreu parada cardíaca, coletaram amostras de sangue durante cerca de 11 meses após o evento. As proteínas foram analisadas em espectrômetro de massas usando aquisição independente de dados. Para as citocinas usou-se imunoensaios. Também foram analisados 1.153 lipídios de 13 classes.
Os pacientes tinham idade entre 25 e 87 anos e 70% eram do sexo masculino. O estudo identificou 26 marcadores proteicos associados à parada cardíaca súbita quando os casos foram comparados com os controles. Destes, 20 diferenciaram a parada cardíaca da doença arterial coronariana.
Os autores reconhecem que são necessários mais estudos para replicar as descobertas em um grupo maior de pessoas.
Problema também afeta Jovens.
Os exemplos dos dois atletas mostram que a parada cardíaca súbita pode afetar indivíduos jovens e aparentemente saudáveis, como os dois jogadores, e não apenas idosos e sedentários.
Segundo a Sociedade Brasileira de Arritmias Cardíacas (Sobrac), nos últimos anos tem aumentado o número de casos em adolescentes que praticam atividades físicas. Não é o esporte que provoca a morte, mas a não realização de exames preliminares que poderiam diagnosticar o problema e evitar a morte súbita.
Com base em dados do Ministério da Saúde, a Sobrac estima que ocorrem 300 mil mortes por ano no Brasil devido a alguma arritmia cardíaca. Segundo os autores da pesquisa, a parada cardíaca súbita afeta cerca de 350 mil indivíduos por ano nos EUA.